quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A real situação do magistério gaúcho

É lamentável o magistério gaúcho ter que tomar esta atitude drástica: de aderir a greve. Mas não nos resta outra alternativa, visto que a governadora insiste em querer aprovar este projeto de sua autoria o qual propõem como teto salarial para o magistério gaúcho o piso de R$ 950,00 para 40 horas semanais. O referido projeto é inconstitucional uma vez que vai contra o piso nacional de salário para o magistério brasileiro aprovado pelo governo Lula o qual pressupõem o salário base de R$ 950,00 para 40 h semanais, sobre o qual incidem os acréscimos das vantagens conquistadas por cada profissional da educação. Nossa governadora no entanto diz que neste projeto, as vantagens de cada profissional estão incorporadas no teto salarial de R$950,00, isto sem falar da mudança do plano de carreira do Magistério Gaúcho que propõem a redução dos níveis e coeficientes relativos. Um verdadeiro regresso. Considerando que este valor de salário nunca é líquido pois o governo desconta da folha de pagamento o fundo da previdência, o fundo de assistência a saúde, fora os estornos que na maioria das vezes existem, sobra pouco para o professor. Ah, não podemos nos esquecer do vale refeição de R$ 95,70 o que certamente pouco auxilia nas despesas mensais, e lembrarmos que para os atuais aposentados, a maioria das vantagens são cortadas, inclusive o vale refeição, portanto, enxugando ao máximo o salário destes profissionais. Quando o magistério gaúcho solicitou aumento de salário uma vez que o mesmo está defasado e não tem aumentado conforme a inflação existente, a governadora negou, alegando que não existe saldo disponível em caixa para pagar este aumento. No entanto, mesmo não havendo saldo para o magistério, houve saldo para pagar o aumento de 143% do salário da governadora, concedido em agosto deste ano, além do aumento de 89% para os secretários do governo estadual, e portanto, nossa secretária da educação, Sra. Mariza Abreu, recebe um salário que de acordo com o CPERS ultrapassa os R$ 20.000,00. Diante da real situação indagamos: será que a governadora e os secretários conseguiriam trabalhar, receber e viver com o salário do magistério gaúcho? Certamente dirão que suas atribuições são muito mais importantes e de maior responsabilidade do que as de um professor, e por isso justifica-se tal salário. No entanto cabe aqui ressaltar a importância do professor para a existência de todas as demais profissões, e dizer ainda que se um professor após concluir uma licenciatura e ter despendido um gasto/investimento de pelo menos R$ 15.000,00 ou o valor de um carro popular que é o custo da maioria das licenciaturas, ser proposto tal salário é quase uma afronta. E para aqueles que criticam o magistério atribuindo a esta classe nomes pejorativos e afirmando que existem maus profissionais, talvez até tenha, mas basta dizer que maus profissionais existem em qualquer setor e órgão público, em todas as esferas do poder, até mesmo lá em Porto Alegre. Mas estes certamente são uma minoria, graças a Deus. A maior parte da classe do magistério é uma classe batalhadora, sofrida, que conseguiu tudo o que tem até hoje através de greves. Aliás, somos a única classe que só consegue ter atendido às suas reivindicações fazendo greve e também somos a única classe de trabalhadores que recupera os dias paralisados. A governadora retirou o caráter de emergência do projeto que seria votado hoje, quarta-feira. Como em outros governos, o costume de enviar projetos a Assembléia no final do ano faz com que os deputados na expectativa de entrar em recesso devido às festas de final de ano e as férias, normalmente não estudam e nem analisam devidamente os referidos projetos, sendo portanto este um artifício usado para conseguir a rápida aprovação dos mesmos, tido popularmente como a forma de “engolir goela abaixo”. E o CPERS já conseguiu uma vitória convencendo pelo menos 30 deputados estaduais a votar contra o referido projeto. A votação também foi adiada para março de 2009 após o recesso da Assembléia Legislativa.

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